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sábado, 10 de dezembro de 2011

Negra Beleza

 
Os pássaros voam porque têm asas. Mas sempre existem as gaiolas.

Vamos supor que as asas sejam a nossa natureza, como nascemos. As gaiolas são os padrões a qual nos acostumamos e aprendemos a amar.

Rejeitamos os espelhos, onde nos vemos como somos, para nos espelharmos em imagens e valores que nos negam e renegam a nossa história.

Abaixar o cabelo, por exemplo, é abaixar a crista. E é ainda mais que isso. Abaixar o cabelo é retirar da cabeça a nobreza da nossa raça. É renegar a corôa preciosa que nosso antepassado nos deixou como herança, e trocá-la por correntes e grades a nós oferecidas como jóias.

É um cárcere de portas abertas, ao contrário das senzalas. Pois estar fora dessas gaiolas é uma questão de escolha. Elas são feitas de fumaça esbranquiçada e podemos dissipá-las com um sopro de renovação de valores.

A necessidade de “se aceitar” deve sobrepor ao desejo de “aceitação”, ou permaneceremos encarceirados. Não tenho vergonha de dizer, pois é a mais pura verdade: quando eu era pequena puseram um pregador de roupas no meu nariz para ele ficar fino e arrebitado. Alguém mais passou por isso? Não sei se era um hábito comum, como o de passar pente quente no cabelo pra ele ficar lisinho. Depois de tanto tempo, foi a vez do meu filho ser vítima da mesma “chacota”, quando pessoas disseram “ele é lindo e fofo, mas o nariz…”. Acreditem, me recomendaram colocar um pregador de roupas no nariz dele. Claro que retruquei dizendo que jamais faria isso porque o nariz dele é perfeito como o meu.